Não temos a menor ideia do que acontecerá no nosso futuro.
Estou falando de situações não planejadas...
Como nos preparamos para esses eventos?
Será que aprendemos a desenvolver flexibilidade cognitiva para construção de novas
respostas emocionais?
Autorevelação:
Nunca imaginei que poderia ter uma guerra diretamente ligada à minha história de vida
quando recebi a visita de uma adolescente ucraniana na minha casa em fevereiro de
2022. A guerra iniciou quando ela estava sob a minha responsabilidade aqui no Brasil,
e a partir daí eu vivencio diariamente as suas dores e como uma pessoa pode se
sentir residindo em um país na condição de expatriado ou refugiado. Tenho percebido
o quanto é duro para ela ter perdido o contato com todas as suas referências: os pais,
avós, amizades, bichinhos de estimação, objetos pessoais, estudo, cultura e afins....
Não poder voltar ao seu país de origem que está sendo destruído, a adaptação
climática, a comunicação e interação podadas por uma língua que não é a de origem.
Todas essas questões e tantas outras não citadas; quem suporta isso tudo sozinho?
Crises de ansiedade, momentos de profunda tristeza e senso de vazio. A experiência
vivida por ela e compartilhada comigo, me trouxe um profundo conhecimento, mas
acima de tudo, uma enorme compaixão. Me levou a muitas reflexões e
autoconhecimento. Me auxiliou na minha própria evolução profissional.
Saber que para tudo isso existe suporte psicológico, que nos leva a um entendimento
que é tão particular e nos auxilia na criação de repertório e habilidades emocionais.
Como profissional de psicologia sei que é na capacidade de acolhimento e na empatia
que encontramos a força para apoiar e sermos apoiados. O suporte psicológico torna-
se essencial nesse processo, pois não apenas oferece um porto seguro para a
expressão de emoções e temores, mas também proporciona estratégias e ferramentas
para lidar com as adversidades.